sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Localizando a felicidade


Li uma vez uma frase que dizia que “A felicidade está onde o coração encontra repouso”. Mas, vem a pergunta: Será mesmo assim?
Apesar de sentir que a felicidade habita eventualmente o meu ser, não sei precisar sem margem de erros a sua exata localização geográfica. Certas vezes ela parece se encontrar tão perto, e em outras tão inatingível que bate certo desânimo. Há momentos que chega a parecer que a felicidade é meio que onipresente por conseguir estar em vários lugares ao mesmo tempo. Só que também há ocasiões em que eu duvide da sua existência diante da dificuldade em dizer onde ela está.
Geralmente eu vejo a felicidade como complicada tal como um bicho de sete cabeças. Não consigo compreender as suas razões para existir, e tão pouco encontro teorizações lógicas capazes de trazê-la para a realidade. Diante da frase que citei acima, também pensei na possibilidade de que o problema seja eu procurá-la em movimento, quando na verdade ela sempre se encontra parada, no mais calmo repouso. Se for assim, até faz certo sentido. No fim das tantas, não é difícil de imaginar a felicidade como uma quietude pacífica…
Porém, alguma coisa insiste em me incomodar quando penso na felicidade de forma tão calma e serena. Sempre a vi misturada em um turbilhão de emoções, de sentimentos e contradições. Nunca pensei nela como um calmo entendimento, ou uma madura aceitação da realidade. Tudo isso me parece falso demais, pequeno demais.
Para mim a felicidade não vem da quietude, ela surge de uma confusão de emoções. Para mim, ela não fica em repouso. Ao contrário, permanece em constante transe caminhando, correndo em busca das suas realizações. E, para mim, a felicidade não tem nada de serena, ela parece mais comigo… Uma confusão, uma inconstância, um imenso ponto de interrogação que vive essencialmente para a busca sabe-se lá onde de sabe-se lá do quê… Para mim, a felicidade é meio maluca e nada convencional.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Uma declaração


Declaro-me apaixonada. Não apaixonada por ninguém nem por nada em específico, declaro-me apaixonada por tudo o que me inspira e inspirar-se é encontrar motivos para externalizações por meio da escrita. Sou apaixonada pelo vocabulário arredio e insolente, amo as posições do corpo com seus movimentos rápidos ou lentos e com seu arrepiar que faz todo o sentido. Apaixono-me constantemente pelas cores, sejam elas neutras ou não. E com tanta paixão, escrevo palavras escorregadias e entrego-me por completa sem corações ao redor. Declaro-me porque não tenho como negar algo que parece correr em minhas veias e dominar-me despudoradamente. Há coisas que não há como fugir porque a fuga seria um decreto de imbecilidade e de querer tornar-se obscura. Eu não. Gosto da claridade com que tudo se apresenta e da promiscuidade poética. Quando solto versos sem rima, reconheço a Caroline Sansana que há dentro de mim e sorrio por também reconhecer a liberdade que me invade. Declaro-me, pois, apaixonada pela liberdade e todos os seus contrastes. Raciocinar em meio a loucura é um meio de desvencilhar-se e, em meio a tudo isso, volto às questões de inspiração. Inspirar-se é, então, mais que uma paixão. Inspirar-se é uma forma livre e poética de viver.

Escandalizar (ou não) !

Quem aqui gosta de falar durante o sexo? De gemer alto e mostrar para o outro o quanto a transa está boa? De questionar se está gostoso para ir adiante ou melhorar? E quem também não gosta de falar uma putaria bem escrachada? De salientar o quanto está bom e de pedir para continuar com mais ênfase? O ato sexual vai além da relação entre os corpos, ele envolve a linguagem verbal como uma forma de salientá-lo. No entanto, esta linguagem não se manifesta do mesmo modo para todos e, inclusive, alguns não necessitam dela ou não conseguem usá-la no momento de sua satisfação. O fato de falar enquanto há esse entrave aprazível com o outro é, normalmente, compreendido como uma maneira de mostrar que se está gostando muito. Não é a toa que muitas vezes o "não para", "continua", "gostoso", "mete mais", "pode chupar" (e por aí vai...) habitam os falares femininos enquanto se é penetrada por falo, língua e dedos ou mesmo por carinhos que aumentam a libido. Outras vezes esse falar pode ser um guia para se atingir o prazer, ou seja, a mulher vai direcionando os pontos que gosta para que o parceiro (ou parceira) a conheça melhor e a leve ao orgasmo. Nessas horas diz-se o "desce mais um pouco", "você está tentando colocar no buraco errado" e "só a cabecinha, depois você coloca o resto". Há ainda as famosas "Possa lamber lá?", "Ta gostoso?", "o que você ta sentindo?" - estas, e tantas outras, são indagações para saber até onde é possível ir e, assim, tornar a transa cada vez melhor. Além do mais, tem aquelas que falam e adoram ouvir "putinha", "cavalão", "deixa eu chupar seu pau", "ai, que delícia sua bucetinha" e todas as pornografias que os filmes pornôs investem - esse linguajar é próprio para as pessoas mais despudoradas . As que não falam, só gemem, exprimem meramente o prazer por meio da sua respiração ofegante. O fato de não falar pode ser resultado de uma certo moralismo que a pessoa carrega ou uma escolha pessoal, na qual ela queira centrar-se apenas nos sentidos que traduzem seu tesão.


Tira esta roupa,
solte as amarras
que prendem seu sutiã e sua cara lavada

Acinture eroticidades
Exponha toda despostura
Lasca o dente sobre esta boca discarada

Apresse suas mãos
e descubra, por fim, o seu maior alcance