terça-feira, 18 de junho de 2013

borboletas no estômago

Kátia não era uma moça romântica, mas sentia viver em seu momento mais romanesco. Não demonstrava, não se entregava em olhos furtivos, não permitia ao corpo falar. No entanto, era inevitável o que por dentro sentia. Seu corpo lhe falava internamente o quão exasperada ficava diante da sua presença. Sentia borboletas no estômago. Sentia cócegas e por isso sorria sem motivos, mesmo com todos os dilemas diários. Ele arrancava-lhe sorrisos sem precisar ao menos notá-la. Ele era a poesia que havia dentro da sua prosa realista, configurava-se como uma metáfora aguda dentro da sua linguagem popular. Havia beleza em seu mundo tão arraigado de pudores. Kátia percebeu que desconhecia a si mesma. Em sua correria, ela deixara de encarar a rotina como paralelepípedos que faziam-na cair. Kátia passou a romantizar tudo e seu mundo tornara-se outro, bem mais ingênuo e azulado. Kátia descobrira, então, que se encantar com alguém, apaixonar ou amar era a solução para tudo o que a atravessava. Portanto, decidira seguir sempre nesse romantismo porque, assim, esqueceria dos percalços da vida. E o rapaz? Seria apenas um instrumento para que ela alçasse vôos.